4/11/2006

Sobre o nome: sob o nome

Não sei se o meu próprio nome me assusta ou se eu mesmo me deixo tolher e encolher, recusando-me a assumir em nome próprio um monte de coisas que costumo pensar e sobre as quais tenho opinião que julguei bem formada. Nem mesmo sei se as personagens que crio, quais heterónimos pessoanos, têm muito mais conhecimento e imaginação do que o eu ortónimo que ora escreve. Só sei que tinha muito mais ideias sobre o que queria escrever, criticar, pensar ou debater quando não assinava, por outros blogues, desta maneira, com este nome. Talvez se deva ao medo de, um dia destes, poder dar-se o caso ir na rua e ouvir algo do género "ah!, lá vai o Diego, aquele pateta que escreve aquelas parvoíces no Cavalo de Tróia"; ou, pior ainda, ao receio se ser vítima do assédio de leitores assíduos deste blogue que, fazendo uso da clássica falta de sentido de oportunidade, me hão-de pedir conselhos, opiniões, sugestões, quiçá autógrafos, em situações bizarras - de pé e apertado, no autocarro 12; no multibanco, enquanto faço pagamentos para contas com muitos números; no talho, enquanto penso introspectivo que "devia reduzir na carne de porco".

A verdade é que usar o próprio nome na blogosfera é mais desconfortável do que usar um pseudónimo - por mais anónimo que o nome próprio seja. E está a custar-me habituar a esta nova realidade.