5/02/2006

Confissão

O problema não é propriamente a falta de método. Falo da escrita, de escrever. O maior obstáculo é a falta de disciplina. Uma pessoa quer escrever qualquer coisa e até conta aos amigos "epá, olha, ando a remoer uma ideia, parece que está a marinar, vou começar a trabalhar o assunto" e, normalmente, isso é uma grande mentira. Eu costumo julgar que tenho ideias, fico coma impressão de que até vou escrevê-las, chego a elaborar o esquema da narrativa, pensar em como vou contar tal história, que ingredientes quero utilizar para lhe dar dinâmica, para marcar o ritmo, com que condimentos vou temperar as palavras, as frases, os parágrafos, para que quem me lê não desista de mim, da trama que eu criei, das personagens que gerei, do enredo que eu inventei. Pensar, eu penso. E até nem duvido que tenha força de vontade para executar, para consumar o acto, para começar, continuar e finalizar aquilo que se deseja: um livro. Quanto a isso da força de vontade, quase de certeza que a tenho. Mas falta-me algo. Ou alguém, uma entidade superior, uma espécie de mãe ou de ama ou de educadora infantil ou de professora da primária que venha e diga "Diego, vai escrever a tua ideia, vá". E não tenho. Sou caótico desregrado e, consequentemente, improlífico. O que é uma pena, porque eu tenho uma data de ideias tão porreiras que podiam dar bons romances...