aeroportos (ou a incontornável genética)

Só mais tarde vieram os aviões, mas entretanto já se segredava na família que “havia de ser um engenheiro”...
Um dia o meu pai chegou a casa todo contente. Morávamos num andar na rua Sabino de Sousa, perto Alto de S.João. Tinha conseguido. Íamos ter uma casa de renda limitada num bairro novo. O bairro de Alvalade. Assim um Domingo levou-me a ver a casa em construção. Aquilo era campo e agradou-me logo. Salvo erro só haviam duas carreiras de autocarros, o 17 e o 21. Lá fomos ver as fundações da casa e a seguir o meu pai entusiasmou-se e levou-me por ali fora direito à avenida Rio de Janeiro, ao Pote de Água, à Rotunda do relógio e ao Aeroporto. Tinha 6 anos e apanhei uma gripe terrível e todos censuraram o meu pai por me arrastar por aquele deserto quente numa tarde de Domingo.
Esse, o da imagem antiga, foi o Aeroporto que eu vi e onde voltei muitas vezes mais tarde, pé ou de autocarro, só pelo prazer de ver os DC9 (3?), os Constellation e o s Dakota. Os aviões sugeriram-me sempre aquela libertação que eu teria se tivesse asas, e qual é o puto que não sonha voar.
Agora duvido que faça sonhar um único miúdo»
Vitor Bray (Eng.), e-mail a 24 de Abril - 2006, Torres Vedras