Dez minutos de Público
O Público é um dos melhores jornais portugueses porque se lê em cinco minutos, contando o deste sábado com mais cinco para um artigo de interesse, «O Bobo Inteligente», de Rui Tavares: um humorista americano, qual cavalo de Tróia, aproveitou os dez minutos da sua intervenção na jantarada paternalista do presidente para lhe fazer tantos louvores, e à América, e à imprensa americana que encobre a América bushiana, que a ironia funcionou e se volveu em sátira eficaz. A imprensa americana calou tão bem a performance que, se não fosse a Net, não saberíamos de nada.
Outro artigo de interesse, que não de honestidade jornalística, chama-se «Fidel Castro já é mais rico do que a rainha de Inglaterra». Neste artigo pratica-se na perfeição a arte do «parte-se do pressuposto». Parte-se portanto do pressuposto de que de Fidel Castro não é de esperar nada de bom e que, se a Forbes insiste em que o homem é rico, com base na obviedade de que certas empresas, porque são nacionalizadas, ou nacionais, logo são «dele», logo se «estima» que ele tira dividendos delas, isso é notícia. Fidel Castro nega, mas o Público prefere dizer que «ficou furioso». A Forbes «estima», insidiosamente é certo, o Público quase-quase afirma, também insidiosamente. Tenho dois alvitres para os que querem partir de outros pressupostos semelhantes: Hugo Chávez e Evo Morales. Também se fartam de nacionalizar para ficarem tão ricos como o Fidel Castro, são dois índios feios como botas da tropa, e o Evo, em vez de capachinho, tem um capacete na cabeça feito de cabelo natural.
No querido Mil Folhas nunca perco o Jorge Silva Melo a fumar na sua coluna Fora do Mercado. Tal como eu, modéstia à parte, ele pratica muito bem a arte de misturar poeticamente alhos com bugalhos para reconstituir um passado provável. Também no Mil Folhas não li a «crítica» de Eduardo Pitta à recente tradução da Arte de Amar de Ovídio. Passei-lhe a vista e logo vi que é um artigo para guardar porque tem muitas informações úteis, como o número de páginas, e extractos da Arte que podem vir a servir para mostrar erudição em certas reuniões. Quando se lembrará Eduardo Pitta de fazer crítica como eu já lha vi (li) fazer?
Outro artigo de interesse, que não de honestidade jornalística, chama-se «Fidel Castro já é mais rico do que a rainha de Inglaterra». Neste artigo pratica-se na perfeição a arte do «parte-se do pressuposto». Parte-se portanto do pressuposto de que de Fidel Castro não é de esperar nada de bom e que, se a Forbes insiste em que o homem é rico, com base na obviedade de que certas empresas, porque são nacionalizadas, ou nacionais, logo são «dele», logo se «estima» que ele tira dividendos delas, isso é notícia. Fidel Castro nega, mas o Público prefere dizer que «ficou furioso». A Forbes «estima», insidiosamente é certo, o Público quase-quase afirma, também insidiosamente. Tenho dois alvitres para os que querem partir de outros pressupostos semelhantes: Hugo Chávez e Evo Morales. Também se fartam de nacionalizar para ficarem tão ricos como o Fidel Castro, são dois índios feios como botas da tropa, e o Evo, em vez de capachinho, tem um capacete na cabeça feito de cabelo natural.
No querido Mil Folhas nunca perco o Jorge Silva Melo a fumar na sua coluna Fora do Mercado. Tal como eu, modéstia à parte, ele pratica muito bem a arte de misturar poeticamente alhos com bugalhos para reconstituir um passado provável. Também no Mil Folhas não li a «crítica» de Eduardo Pitta à recente tradução da Arte de Amar de Ovídio. Passei-lhe a vista e logo vi que é um artigo para guardar porque tem muitas informações úteis, como o número de páginas, e extractos da Arte que podem vir a servir para mostrar erudição em certas reuniões. Quando se lembrará Eduardo Pitta de fazer crítica como eu já lha vi (li) fazer?