5/15/2006

Da parte de Tchékhov, uma vénia para Prado Coelho

Tenho criticado alguns textos de Prado Coelho pela sua literatice imoderada que chega a atingir o ridículo. Agora que um texto de EPC se me apresenta claro, inteligente e «único», sem citações a não ser do autor analisado, tenho de fazer uma vénia a EPC.
Trata-se da sua crítica no Público (esqueci a data) à encenação de Luís Miguel Cintra de A Gaivota de Tchékhov. Depois de ver o Tchékhov verdadeiro que a Cornucópia nos deu, fui, uns dias depois, ler as críticas à peça (creio que todas as que saíram) afixadas na entrada do Teatro do Bairro Alto. De entre todas (as fáceis, as eruditas, comparativistas todas, puxando algumas dos galões da citação de grandes dramaturgos para explicarem artificialmente a peça e a encenação, mas mostrando todas que não conhecem o espírito de Tchékhov e do seu teatro) destaca-se a de EPC: sim, ele percebeu Tchékhov, percebeu A Gaivota, apreciou o espectáculo da Cornucópia por ter ressuscitado o Tchékhov que muito do modernismo assassinara. Raciocinou com palavras simples e claras sobre o que é Tchékhov e o seu teatro, esteve dentro da peça e deu a sua opinião com conhecimento de causa e inteligência. Chamou à encenação que recuperou o verdadeiro Tchékhov de «pós-moderna» e tem razão. Estava a ler a crítica de EPC e era como se essa crítica me acusasse, a mim próprio: «Toma lá que já almoçaste».